Senhores,
Ultimamente estive observando em meus treinamentos e na própria universidade que as pessoas encontram muita dificuldade para cotar corretamente um desenho. O problema não é o software de desenho que utilizam, aplicar dimensões em um sistema CAD é fácil, todos sabem disso, porém, a maneira correta de cotar um desenho, alguns desconhecem.
Então, se você está com dificuldades para cotar um desenho, leia o post abaixo para refrescar sua memória.
Abaixo, normas relativas aos elementos básicos, estas são facilmente personalizadas no software CAD, tais como:
- Linha de cota e suas extremidades;
- Linha auxiliar de cota e cota;
1. A linha de cota é sempre uma linha paralela à dimensão a que se refere.
2. A linha auxiliar de cota não toca o contorno da peça e prolonga-se além da linha de cota. Tanto o espaço livre como o prolongamento devem ser proporcionais ao tamanho do desenho, de modo a que fiquem evidentes, mas não exagerados.
3. A distância das linhas de cota ao desenho, e entre elas, quando em paralelo, também
devem ser proporcionais ao tamanho do desenho, devendo ser posicionadas não tão
perto que pareçam parte da vista, nem tão longe que pareçam não pertencer a ela.
4. As extremidades têm formato de setas alongadas, com comprimento aproximadamente 3 vezes a sua altura. Podem ser abertas OU fechadas. Preferencialmente devem ser
representadas internamente às linhas auxiliares de cota, mas para cotas pequenas em
série as setas internas podem ser substituídas por ponto.
5. As cotas, como toda indicação alfanumérica, segue caligrafia normalizada, conforme NBR 8402. A letra técnica em um sistema CAD corresponde à fonte Century Gothic.
6. Cotas podem ser apresentadas sobrescritas OU inscritas às respectivas linhas, sem tocálas, e preferencialmente centralizadas. Cotas sobrescritas às linhas de cota sempre
devem estar alinhadas a elas e o sentido de leitura deve ser observado; as inscritas ficam sempre na horizontal. Para ambos os métodos as cotas nunca devem ser cortadas, por qualquer linha que seja; neste caso devem ser deslocadas para um dos lados.
7. Quando o espaço disponível for pequeno, a cota, as setas ou ambas podem ser
posicionadas do lado externo às linhas auxiliares de cota.
8. A unidade padrão é o mm, e não deve ser especificada junto à cota, salvo se estiver em outra unidade.
9. A cota de qualquer elemento sempre se refere a sua dimensão real, independente da
escala usada. Cotas fora da escala do desenho devem ser sublinhadas.
10. Quando existir ruptura na vista de desenho, a linha de cota não deve ser interrompida, e seu valor refere-se à medida real.
11. Nunca são cotados elementos deformados.
12. A precisão da cota é dada pela sua tolerância, e por isto normalmente é um valor inteiro ou com apenas as casas decimais necessárias (valor nominal).
13. Arcos só podem ser cotados na vista em VG, nunca em vista acumulada; sempre são cotados em raio (usando-se apenas seta no lado do arco), nunca em diâmetro; e deve sempre ser utilizada a letra "R" antes do valor da cota.
14. Todo elemento circular pode ser cotado em vista em VG ou acumulada, mas sempre em diâmetro, nunca em raio. Sua posição é dada pelo centro. As linhas de centro devem ser prolongadas até o contorno da vista e, após, continuadas como linhas auxiliares de cota.
15. Quando cotados na vista em VG, arcos e círculos devem ter suas linhas de cota
posicionadas preferencialmente a 45º com os respectivos eixos.
16. Os símbolos "ø", diâmetro; e “□“, lado de quadrado, devem ser usados sempre que estas formas geométricas não estiverem evidentes na vista da peça sendo cotada, ou quando não estiver claro que a cota refere-se a estas grandezas.
17. Ao cotar elementos esféricos deve ser indicado “esf ” ou “esférico“ após ø ou R.
18. Em caso de concordâncias, quando a cota de posição se referir ao canto vivo original, indicar, com linha fina, os vínculos imaginários (cantos virtuais) para poder referenciar as linhas auxiliares das cotas. Os raios das concordâncias só devem ser cotados se forem funcionais, podendo ser usada uma observação próxima ao desenho correspondente.
Abaixo, algumas considerações referentes ao procedimento de cotagem do produto.
O processo de cotagem deve ser baseado no conhecimento da sua finalidade (fabricação,função, inspeção, etc), e pode levar à escolha de qualquer um dos quatro métodos fundamentais de cotagem, são eles:
- em cadeia (série);
- por elemento de referência (em paralelo);
- por coordenadas;
- combinada (misto);
Observações básicas que o projetista deve levar em consideração em um processo de cotagem:
1. Iniciar a cotagem pela vista com maior número de informações.
2. Cotar cada detalhe próximo a ele e na vista que mostra melhor seu contorno.
3. Evitar cotas no interior de uma vista ou entre elas. Porém, neste caso, se for conveniente a presença de muitas cotas deve-se aumentar o afastamento entre as vistas.
4. Cotar sempre da menor para a maior dimensão, evitando-se o cruzamento de linhas de cota. As linhas auxiliares podem ser cortadas, e não devem ser interrompidas neste caso.
5. Linhas do desenho podem ser usadas como auxiliares de cota.
6. Usar a simetria da peça ou de seus detalhes como simplificação à cotagem.
7. Nunca cotar linhas ocultas. Para detalhes nesta situação deve ser usado corte.
8. Não cotar o desnecessário, incluindo repetição de cotas.
Sempre antes de realizar um detalhamento (folha de processo), considere as informações acima para criar corretamente o processo de dimensionamento que é extremamente importante para a fabricação do produto.
Dúvidas ou esclarecimentos estou à disposição.
Filipe Carvalho,
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